Nossas mães e os ciclos da vida
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Sempre me emocionei com a Elis cantando "Como nossos pais". De como, ao mesmo tempo que a música mostra uma admiração por algumas coisas que a geração anterior fez também mostra um certo medo de ser igual nas outras coisas. E de uma forma muito complexa, na maioria das vezes nossa relação com nossos pais é o balanço dessas duas vertentes.
Anos depois uma nova adaptação dessa obra também mexeu muito comigo. Agora em forma de filme. Como nossos pais aborda a transformação da vida da protagonista quando ela começa a resignificar a relação que ela tem com a sua mãe. E passando por essa fase da vida, ninguém sai o mesmo.
Nós somos ensinadas a idealizar nossa relação com essas mulheres. E isso gera um efeito muito perigoso. Porque quando idealizamos alguém, paramos de enxergar a pessoa e ela se torna um amontoado de certos e errados. É claro que muitas das atitudes dessa pessoa nos moldou e nos tornou, pro bem e pro mal, quem somos hoje. Mas esse filme, de uma forma muito pé no chão, vem trazer questionamentos muito importantes sobre o peso que colocamos nessas mulheres.
Ao questionar a relação com a mãe ela também começa a questionar todas as outras relações: com o pai, com o marido, com as filhas... e aos poucos a vida dela vai se transformando. E ouso dizer que no final do processo ela se torna uma pessoa mais leve e mais feliz. Ao menos foi isso que senti no final do filme.
Outra que fala sobre essa relação é a Tracy Chapman em Fast Car. Sempre achei a história dessa música de uma delicadeza enorme. Quem nunca recriminou algo e quando se viu na mesma cena teve que engolir o choro e arcar com a decisão: repito o ciclo ou quebro. E essa música mostra os capotes que a vida dá. Ela tenta de tudo para ter uma vida diferente da que ela e os pais tiveram. Mas em um ponto ela percebe que está no mesmo lugar que sua mãe estava, mesmo percorrendo um caminho totalmente diferente. E de uma forma muito firme ela decide mudar a história para os filhos. Quebrar o ciclo.
Tenho pensado muito nessas quebras de ciclo e em como elas não são nada fáceis. Precisamos estar sempre atentas. Vivendo o presente e sendo gentis com nossas histórias. O que, sejamos sinceras, não é uma tarefa nada fácil e quando essa foi a forma que aprendemos a lidar com o mundo é necessário muita determinação para fazer diferente. E o mais difícil de lidar é que, mesmo tentando, podemos cair nas mesmas armadilhas e repetir as mesmas histórias só que com algumas mudanças.
Mas eu acho que isso já é um começo. Mais que isso, um bom começo. E no final, como já dizia a Seane Melo nesse texto lindo:
Essas mulheres que carregam mundos, mas cuja maior e mais antiga luta é apenas uma: perdoar sua própria mãe.

Eu adorei esse filme porque me vi muito na personagem. Realmente essa história de quebrar ciclos fala muito sobre a minha experiência com a minha família ❣️ Não é fácil!
ResponderExcluirRealmente, não é nada fácil.
ExcluirE até essa parte eu achei bonita no filme, eles não romantizaram essa trajetória de mudança dela.
E outra, as atrizes são maravilhosas!!! (adorei o nome do blog!!! hehehe)
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